Isabela Figueiredo: “Sempre me vi como imprópria. Anormal. Desadequada.”

A Beleza das Pequenas Coisas - Un podcast de Expresso

Começou a dar que falar há doze anos com um livro de memórias coloniais porque se incomodou com a narrativa suave do pós-colonialismo. E nele assumiu a relação amor-ódio com o pai. “Aquilo que sou hoje também vem do trabalho escravo e mal pago que o meu pai roubou aos africanos que eram os seus empregados.” Mas em 2016 a escritora Isabela Figueiredo voltou a agitar as águas com o primeiro romance, “A Gorda”, uma bomba literária que nos levou a calçar os sapatos de uma mulher com excesso de peso que um dia decide reduzir o tamanho do estômago. Uma obra de autoficção que afinal tem muito de si, já que Isabela escreveu o livro logo após se submeter à mesma cirurgia, o que a levou a perder mais de 40 quilos. “Esse livro é uma declaração de dor, de perda e solidão”. O próximo romance já está escrito e tem uma abordagem da vida algo ‘punk’ ou, como chega a dizer, ‘é muito vegan’: “É sobre ter o direito a não ser nada, a não ser importante e a viver sem trabalhar”. E sobre os prémios lança a farpa: “Mas porque é que só atribuem o Prémio Camões aos 90 anos? Aos 90 anos já não se pode gastar o ‘guito’ numa viagem”See omnystudio.com/listener for privacy information.